Mostrando postagens com marcador Analista de Requisitos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Analista de Requisitos. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 2 de março de 2012

Como elicitar Casos de Uso? Parte 3


Dando continuidade à sequência de posts sobre casos de uso, vou comentar agora sobre a importância da obtenção de valores agregados ao negócio na elicitação de casos de uso.

Um dos pontos mais críticos em uma gestão de requisitos com casos de uso é a correta elicitação dos casos de uso. Na hipótese disso não ser muito bem feito, trará conseqüências desastrosas à eficácia do projeto.

Um caso de uso pode ser identificado respondendo a seguinte pergunta feita a um usuário: O que você pretende obter usando o sistema? A resposta que ele dará é algo relacionado ao resultado de valor que ele espera obter ao usar o sistema. Na verdade, a modelagem de casos de uso é a arte de identificar valores que o sistema deve agregar ao negócio. Por isso quando estamos elicitando casos de uso, devemos estar muito atentos para que todos esses resultados de valor sejam obtidos. Nossa preocupação é fazer com que o conjunto dos casos de uso que modelarmos, entregue todos esses valores esperados. O escopo de cada caso de uso está fortemente associado à obtenção de valores agregados ao negócio.

Leia mais acessando nosso novo endereço:  

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Que é Caso de Uso? - Parte 2

Nosso blog está mudando de endereço. Acesse www.wm2info.com.br.

Dando prosseguimento à sequência de publicações que estou fazendo sobre Requisitos de Software, pretendo nesta segunda parte tratar do assunto Caso de Uso, porque é uma ferramenta que tem sido usada em todo o mundo. Corretamente usada, ou não, mas tem sido de enorme valia para projetos de desenvolvimento de sistemas de grande porte e de elevado grau de complexidade para alta e baixa plataformas.

Afinal de contas, o que é Caso de Uso? Existem algumas descrições que busquei na literatura para deixar claro e de forma inequívoca seu significado. Foram obtidas de autores de renome e fontes de aceitação internacional.

• A OMG – Object Management Group, conforme a UML Superstructure Specification, v2.0, Casos de Uso são meios para a especificação de usos necessários de um sistema. Normalmente, eles são usados para capturar os requisitos de um sistema, isto é, o que um sistema é suposto fazer. Observe que a OMG aborda o aspecto voltado para a captura de requisitos de software.

• Kurt Bittner no seu livro “Use Case Modeling”, afirma que Caso de Uso é uma técnica poderosa de modelagem de requisitos. Note que o autor salienta mais uma faceta do Caso de Uso, ou seja é uma técnica que pode ser usada na captura de requisitos de software.

• O RUP, por que vez, classifica Caso de Uso como um artefato. Neste ponto de vista o Caso de Uso é apresentado como um produto de trabalho que possui um ciclo de vida composto de fases que inicia na sua elicitação e termina na forma de um artefato implementado, testado e entregue ao usuário para uso operacional. Deve ser gerenciado como um importante Item de Configuração.

• O RUP acrescenta ainda um outro conceito, que descreve um conjunto de instâncias formadas por sequências de ações realizadas pelo sistema para produzir um resultado de valor observável pelo ator. São interações formando um diálogo entre o Usuário e o Sistema. Essa é a forma mais popular de entendimento do que significa Casos de Uso. Esse diálogo conta uma Estória de relacionamento entre o Usuário e o Sistema. Guarde esse termo “Estória”, pois iremos usá-la posteriormente nas próximas publicações que farei.

• Cockburn, no seu livro “Escrevendo Casos de Uso Eficazes” afirma que um Caso de Uso captura um contrato entre os stakeholders de um sistema sobre seu comportamento. É interessante notar que, usando Casos de Uso, podemos discutir soluções sem necessitar entrar em detalhes de implementação. Particularmente acho isso sensacional, porque nos permite concentrar nossa atenção na obtenção do valor esperado pelo usuário. Nesta ocasião, não estamos preocupados com telas e qualquer tipo de solução de interface gráfica. Estamos preocupados na eficácia do projeto, ou seja, em produzir o resultado de valor do ponto de vista do negócio.

• Cockburn afirma ainda que “casos de uso não especificam interfaces externas, formatos de dados, regras de negócio e fórmulas complexas. Eles constituem somente uma fração (talvez um terço) de todos os requisitos que você precisa coletar – uma fração muito importante, no entanto, uma fração”. Acho essa definição sensacional porque simplifica a especificação dos Casos de Uso, não descrevendo esses elementos (interfaces gráficas, tipos de dados, requisitos não-funcionais, regras de negócio, etc.). As Especificações de Casos de Uso referenciam esses elementos, mas não os descrevem.

Todas as definições acima listadas podem ser resumidas da seguinte forma sobre Casos de Uso:
• É uma técnica usada para a captura de requisitos do sistema.
• É um artefato que deve ser gerenciado como um item de configuração.
• Descreve interações entre o Usuário e o Sistema.
• Descrevem “cláusulas contratuais” entre o usuário e o projeto de desenvolvimento.
• Sua especificação não envolve a descrição de interfaces do usuário, interfaces com outros sistemas, tipos de dados, requisitos não-funcionais, fórmulas complexas e regras de negócio.

Percebo muito claramente os seguintes problemas na Modelagem de Casos de Uso.

1. Os templates usados na descrição dos casos de uso possuem itens desnecessários e contribuem fortemente para que as especificações sejam “gordas”. Noto que alguns analistas de qualidade dão muita atenção à forma, ou seja, à qualidade que eu, evandrionicamente, chamo de “qualidade cosmética”. Esquecem da essência do caso de uso, a qual é a produção do resultado de valor esperado pelo usuário (ainda vou falar muito sobre isso nos próximos posts). A Gestão da Qualidade deve se preocupar com o conteúdo, garantindo que o conjunto dos Casos de Uso entregará os valores esperados pelos stakeholders. A palavra chave é “Valor”. Perde-se muito tempo e esforço no preenchimento obrigatório de campos. Já vi templates que obrigam o analista a justificar porque não está preenchendo um determinado campo que é considerado obrigatório, fazendo com que seja gasto um tempo valioso na tentativa de dar a justificativa exigida pela “qualidade”. Isso é um absurdo. É por isso que eu odeio templates. Veja uma crônica que postei algum tempo atrás sobre esse assunto.

2. Tenho percebido que interfaces gráficas (telas), produzidas a partir de especificações detalhadas de Casos de Uso, são modificadas quando apresentadas ao Usuário para validação. É válido notar que a descrição (detalhada) desses casos de uso já tinha sido validada pelo próprio Usuário. Isso mostra que o detalhamento das interações Usuário X Sistema na especificação de casos de uso, nem sempre tem sido eficaz, porque não é visual. Um protótipo de tala (que é visual) é extremamente mais eficaz do que um texto, por mais detalhado que seja. Por isso, recomendo fortemente que não gastem esforços e tempo no detalhamento das interações Usuário X Sistema. A especificação dos Casos de Uso deverá descrever o essencial, o suficiente para dar a percepção de que o produto de valor esperado pelo Usuário será entregue na ocasião em que ele executar o Caso de Uso. Tenho aplicado essa abordagem em vários projetos e obtido agilidade e melhoramento nas comunicações com os Usuários, Web Designers, Arquitetos, Projetistas e Desenvolvedores. Nos treinamentos que ministramos abordamos largamente todos esses aspectos.

3. A inserção de soluções de tecnologia na especificação de Casos de Uso traz problemas de sustentabilidade. Em outras palavras, os casos de uso, por si só, não se sustentam porque quando chegam na fase de design, frequentemente a tecnologia especificada no Caso de Uso é incompatível com os padrões gráficos ou padrões de navegação usados no projeto. Ocorre, nesta ocasião, um conflito. O que deve prevalecer? O que está especificado no Caso de Uso ou que já está padronizado e combinado com a Empresa contratante do projeto? Certamente, o que irá prevalecer é o padrão que foi definido pelos Web Designers e Arquitetos em conjunto com a equipe técnica da empresa contratante. Esses detalhes de implementação não são de conhecimento dos Analistas de Negócio. Por isso os Casos de Uso precisarão ser alterados para ficar corretos. Isso consumirá recursos, tempo, elevando o custo e reduzindo a produtividade, que é tudo que não queremos. É por isso que muita gente por aí, ingenuamente, joga a culpa nos Casos de Uso. A culpa não está na técnica, e sim naquele que usou erroneamente a técnica.

4. A UML é uma notação que possui itens de estrutura, de comportamento, de agrupamento e de anotações. Tenho observado que profissionais com pouco conhecimento em UML, tendem a inserir na especificação de Casos de Uso, todos esses itens que serão definidos ao longo do ciclo de vida do projeto. Isso eleva desnecessariamente a complexidade do Caso de Uso, além de não resolver o problema de comunicação com a equipe de desenvolvimento, porque geralmente esses elementos adicionais são incompletos e descritos de forma ambígua e inconsistente. Percebi que isso ocorre porque o RUP diz que o Modelo de Casos de Uso influencia na elaboração de todos os demais modelos desenvolvidos (quando é desenvolvido) ao longo do projeto. O RUP está correto, mas isso não significa que elementos desses modelos devam constar da especificação dos Casos de Uso. Modelo de Caso de Uso é uma coisa, Modelo de Design é outra coisa, Modelo de Implementação também é outra coisa, e assim por diante. Esses modelos possuem elementos que realizam os Casos de Uso, mas isso não significa que fazem parte da especificação dos Casos de Uso. Lembrem-se do que Cockburn afirmou (veja acima) que Casos de Uso capturam somente um terço dos requisitos de um sistema. Os demais requisitos são capturados através de outras técnicas e artefatos. Casos de uso não é uma panacéia que veio para resolver todos os problemas da Engenharia de Software. É simplesmente um item de um dos 13 (treze) diagramas oferecidos pela UML.

Conclusão.
• A agilidade em um projeto é obtida, não na pressa, mas nas mínimas coisas, ou seja, na forma que os artefatos são produzidos e principalmente na comunicação. Lembrem-se sempre disso, a comunicação é um dos maiores pontos de atenção de um projeto, pois é fonte de muitos riscos.
• Nunca misture elementos de diferentes níveis de abstração em um único artefato. Por exemplo: Não insira soluções de tecnologia em um documento que deveria abordar aspectos conceituais. Soluções de tecnologia pertencem ao nível de abstração de implementação. Casos de Uso pertencem ao nível de abstração conceitual. É como óleo e água. Não se misturam.
• Caso de uso é uma ferramenta gerencial e operacional. Ela é excelente para o Gerenciamento de Escopo de projetos de software. Com uso do conceito de rastreabilidade, poderemos facilmente gerenciar mudanças de requisitos, tão frequentes nos projetos que participamos.
• Casos de Uso permitem a captura de requisitos. Isso não quer dizer que todos os requisitos capturados são descritos na Especificação dos Casos de Uso. Existem artefatos apropriados para cada tipo de requisito, regra de negócio, estrutura de dados, interfaces gráficas, etc.
• O objetivo da Modelagem de Casos de Uso não é definir as interfaces gráficas e sim definir os valores que o sistema irá produzir para o negócio. Esta é a essência da modelagem de casos de uso. Um bom Modelo de Casos de Uso se converte em um guia para a elaboração do Modelo de Design, Modelo de Implementação, Modelo de Implantação (deploy) e Modelo de Processos da aplicação. O conjunto desses modelos forma o Modelo de Visões Arquiteturais 4+1, que é o cerne da arquitetura de uma aplicação.
• Para concluir gostaria de deixar a seguinte mensagem: “Tudo que for fazer, faça-o com agilidade. Agilidade não é fazer as coisas apressadamente. Agilidade é fazer somente as coisas essenciais”.

BIBLIOGRAFIA.
1. Bittner, K; et. al.; Use Case Modeling; Addison-Wesley; 2003.
2. Jacobson, I., Spence, I., Bitnner, K.; Use Case 2.0 – The Guide to Succeeding with Use Cases; Ivan Jacobson International, Dez/2011.
3. OMG – Object Management Group; UML Superstructure Specification, v2.0.
4. Cockburn, A.; Escrevendo Casos de Uso Eficazes. Bookman, 2001.
5. BOOCH, G.; et al.; UML Guia do Usuário; Editora Campus; 2005.
6. RUP – Rational Unified Process. Versão 2002.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Casos de Uso - Embora seja uma técnica muito utilizada, ainda é mal compreendida – Parte 1

Nosso blog está mudando de endereço. Acesse www.wm2info.com.br.

Estou apresentando o primeiro de uma série de cinco posts que estou escrevendo sobre o assunto Modelagem de Casos de Uso. Cada post irá abordar diferentes aspectos dessa técnica (Bittner, 2003; pag.9) tão utilizada, no mundo inteiro, na elicitação de requisitos de software.

O que me motivou escrever sobre esse assunto foi o fato de perceber uma grande carência de conhecimentos dos fundamentos teóricos que devem referenciar o trabalho dos Analistas de Negócio, Analistas de Requisitos, Analistas de Sistemas, Arquitetos de Software e principalmente dos Gerentes e Líderes de Projeto.

Em cada projeto que me envolvo como consultor, mentor ou coach, noto que os profissionais envolvidos na gestão de requisitos desconhecem os pilares que fundamentam a elicitação de requisitos de software. Heroicamente, eles usam conhecimentos obtidos com colegas que também aprenderam como outros colegas e assim por diante. Admiro a coragem desses profissionais, pois como bons brasileiros são versáteis e “se viram” fazendo o projeto andar. O problema é que o uso equivocado de técnicas pode causar graves danos na qualidade final do produto.

Cada vez mais me convenço de que Casos de Uso é uma excelente técnica que deve ser usada para a elicitação de requisitos de software. Infelizmente ela tem sido bastante mal interpretada pelos membros das equipes de projetos de desenvolvimento de software.

Aproveito a oportunidade para salientar que, com o advento do Use Case 2.0 apresentado recentemente por Ivar Jacobson (Jacobson, 2011), o pai dos casos de uso, poderemos seguramente continuar a usar casos de uso em projetos ágeis, pois, se descritos apropriadamente, se convertem em excelentes contextos para a elicitação de Estórias do Usuário, tão utilizadas em metodologias ágeis como o SCRUM e XP.  

Percebo que muitos gerentes de projetos, ou qualquer profissional associado ao planejamento de projetos de software têm usado casos de uso como um repositório para toda e qualquer especificação endereçada à equipe de construção de aplicações. Com isso obtemos casos de uso extremamente longos, aninhando vários outros artefatos de diferentes níveis de abstrações elevando desnecessariamente a complexidade, dificultado a comunicação e confundindo usuários e desenvolvedores.

Com isso perde-se muito tempo para produzir e validar todos esses artefatos e depois, um outro tempão para compreender o que foi escrito. Frequentemente esses artefatos apresentam problemas de completeza, ambigüidade, falta de clareza, levando o desenvolvedor a retornar aos analistas de negócio ou usuário para completar ou entender os requisitos descritos. Tudo isso leva a um desperdício de tempo onerando o projeto.

Casos de uso é um artefato de nível de abstração conceitual. Não é de implementação. Por isso não deveríamos associá-los a telas. Telas ou protótipos de telas devem estar associados a caso de uso, mas não o contrário. Telas implementam casos de uso e possuem uma forte rastreabilidade entre eles, mas isso não quer dizer que uma tela ou protótipo de tela deva compor a descrição de um caso de uso.

A descrição de casos de uso deve ser feita de forma altamente abstrata, sem nenhuma inferência em soluções de implementação. Dessa forma poderemos deixar os casos de uso independentes e totalmente livres do impacto das freqüentes alterações das interfaces gráficas do usuário. Imagine, cada alteração que tiver na tela, ter que alterar também o caso de uso. Isso é um absurdo, pois irá onerar desnecessariamente o projeto.

Caso de uso é algo bem mais simples do que parece. Para melhor explicar vou contar uma história que resume como e porque surgiu os casos de uso. Em 1979 Tom DeMarco escreveu o livro "Structured Analysis and System Specification" (Claudiomir, 1999) onde ele apresentou os princípios básicos da Análise Estruturada. Paralelamente Gane e Sarson se juntaram às idéias de Tom DeMarco e publicaram o famosíssimo livro “Análise Estrutura de Sistemas”, ainda hoje vendido nas principais livrarias do mundo inteiro. A principal ferramenta apresentada era o Diagrama de Fluxo de Dados (DFD), ainda muito utilizada, principalmente em projetos para alta plataforma.

Isso trouxe uma enorme evolução e padronização na forma de conceber um sistema de software. A intenção original era trazer o usuário para a equipe de projeto no papel de co-autor na concepção da aplicação. Infelizmente isso não ocorreu como se esperava, porque o DFD é uma técnica composta de muitos elementos e regras, tais como Entidades Externas, Funções, Fluxos de Dados, Depósito de Dados, um conjunto de Diagramas mostrando a Decomposição Funcional partindo do nível zero (frequentemente chamado de Diagrama de Contexto) até chegar nas primitivas funcionais que corresponderiam a programas ou módulos de programas a serem codificados em uma determinada linguagem, naquela época, o nosso velho e eficaz COBOL.

O problema é que o Usuário não estava preparado para tudo isso. O que ele queria (e continua querendo) é somente uma coisa: software funcionando para resolver o problema dele. Como eles eram, e continuam sendo, leigos em Engenharia de Software, isso tudo era muito complexo para eles. Por isso a intenção de ter o Usuário como co-autor ficou frustrada.

Contudo, a necessidade de envolver os usuários em projetos de software continuou aumentando, porque as necessidades dos negócios elevavam constantemente a complexidade das soluções de software. Foi então, que no início da década 90, Ivar Jacobson, um dos três amigos que criaram a UML, desenvolveu uma técnica chamada de Casos de Uso. Seu objetivo era voltar a conquistar o Usuário. Por isso ele criou uma forma de diagrama extremamente simples que qualquer pessoa pudesse entender e usar. Era tão simples que mais parecia um desenho feito por uma criança de quatro anos.

O diagrama de Casos de Uso possui somente três elementos: Ator (representado por um bonequinho), Caso de Uso (representado por uma elipse) e uma Associação entre eles (representada por um tracinho). Veja bem, aquele tracinho não é um fluxo de dados. É somente uma associação, ou seja, um Ator está associado a um Caso de Uso. Nada mais do que isso. Tem mais outra coisa extremamente importante: não tem decomposição funcional. Fica tudo em um único diagrama. Em sistemas muito grandes, com muitos casos de uso, você até pode quebrar um diagrama de casos de uso em outros pequenos diagramas, mas isso é só uma sub-divisão seguindo algum critério para não deixar o diagrama muito grande. Isso NÃO É decomposição funcional. Todos os casos de uso de todos os diagramas possuem absolutamente o mesmo nível de abstração.

Então, logo de cara, vamos aprender uma coisa. Um caso de uso não corresponde a uma função de um DFD. Por favor, se você quer aprender modelagem de Casos de Uso, esqueça DFD. São paradigmas totalmente diferentes. DFD é uma técnica usada no paradigma de Análise Estruturada. Caso de Uso é outra coisa. É uma técnica pertencente ao paradigma Orientado a Objetos.

Vou confessar uma coisa para vocês. No fim da década de 90, quando iniciei meus estudos e pesquisas sobre UML, devido ao fato de já ter usado muito DFD, senti dificuldades para usar o conceito de Casos de Uso porque, inconscientemente buscava fazer uma paridade de um para outro, ou seja, com funções de DFD. Até que um amigo me disse: “enquanto não tirar o “chapéu” da análise estruturada, você não irá conseguir aplicar corretamente os conceitos de casos de uso”. Fiz isso e deu certo. Foi aí que vi que deveria guardar o DFD numa “gaveta”. Veja bem, não é jogar fora. É guardar numa “gaveta” em algum lugar no seu cérebro. Isso quer dizer que você não irá usá-la em projetos OO. Mas toda a experiência (“a manha”) já obtida no relacionamento com Usuário é extremamente bem vinda.

Hoje, como professor, percebo isso muito explicitamente em sala de aula. Alunos que iniciaram suas carreiras usando o paradigma OO entendem e aplicam com muito mais facilidade do que experientes Analistas de Sistema Seniores, com vinte ou mais anos de experiência no paradigma Análise Estruturada. Realmente, os analistas seniores conseguem entender muito bem o conceito de casos de uso, mas sentem dificuldades na hora de aplicar a técnica. Neste caso, além do treinamento formal em sala de aula, se faz necessária a aplicação de um processo de mentoring para ajudar, de forma personalizada, o aluno a aplicar corretamente a técnica.

No próximo post irei comentar sobre os fundamentos teóricos que envolvem a Modelagem de Casos de Uso.

BIBLIOGRAFIA
- Bittner, K; et. al.; Use Case Modeling; Addison-Wesley; 2003.
- Jacobson, I., Spence, I., Bitnner, K.; Use Case 2.0 – The Guide to Succeeding with Use Cases; Ivan Jacobson International, Dez/2011.
- Selner, Claudiomir; Análise de Requisitos para sistemas de informações, utilizando as ferramentas da qualidade e processos de software; Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do grau de Mestre em Engenharia; Florianópolis, Agosto/ 1999; obtido na internet em 20/01/2012;  http://www.eps.ufsc.br/disserta99/selner/cap3.html